sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Natal pra Recordar


Dia vinte e cinco de dezembro...
Natal para muitos, família, amigos
Rever pessoas, abraçar, compartilhar
Cear, trocar presentes, beijar os pais

Natal independe de religiões, crenças
É símbolo de vivência, reflexão, repensar
Época e tempo de se refazer, construir
Traz em si o compromisso de novo viver

Mas Natal também é recordação, é tristeza
Tristeza da saudade daqueles que já se foram
Tempo de lembrar de amigos que partiram
E de amores que se vão para sempre

Natal que faz recordar os pais falecidos
Os filhos que se mudaram para longe
Lembrar do sabor do peru que só vovó sabia fazer
Do presente de meu avô, aquele lindo brinquedo

Nossa ceia agora é mais vazia, não de comida
Ali ainda está o peru, o pernil, as uvas
O vinho tinto, o chocolate o panetone
As passas, o licor, o arroz

Mas nossas cadeiras estão vazias, solitárias
Vai sobrar ceia, ninguém abriu o vinho
Há um imenso silêncio quebrado pelos rojões
Não nossos, mas daqueles, cujas mesas ainda estão cheias

Minha Escola



Dez pras sete da manhã e lá estou eu
Uniforme azul, calça sarja, camiseta e agasalho
Tênis Conga, meia branca, lancheira, lápis
Caderninho verde, cabelo de lado
Vou ao meu primeiro dia de aula, primeira série
Ansioso, com medo, ao mesmo tempo feliz
Fase nova, longe da mamãe, da TV
Nada de brinquedos, é hora de aprender
Nossa primeira aula, Tia Vanda professora
Sala número cinco, corredor inferior
Escola estadual, primeiro e segundo grau
Piso de madeira, jardim, escadaria
Pátio coberto de telha, cantina, merenda
Quadra de futebol, vôlei e basquete
Escorregador, gira-gira na hora do recreio
Quer vida melhor que esta, lugar mais lindo que este?
Como sinto saudades da minha escola, escola da infância
Meus amigos, Rogério, Vanessa, Marcio, Anderson
Por onde vocês andam, são pais, mães, tios
Professorinha Tia Vanda, será que ainda vives?
Josias, Jurema, professora Márcia, Tia Vera
Claudia, Leandro, Vitor, Edivan
Alessandra, Juliana, Raquel
Quantas pessoas, quanta saudade...



quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Pegado Devasso


Do derradeiro ao primeiro
Amor vagueiro
Coração solteiro
Dos muitos o primeiro

Pegado do acaso, crescido devasso
Amor de aluguel, paixão de cordel
Sussurro fiel, ouvido ao leu
Conselheiro fiel, amado do céu

Encanto de poucas, das belas, das moças
Pracinha de tardezinha, pulando amarelinha
Conselho do amor, ferido na dor
Encanto de enquanto, durando um tanto

Paixão, sedução, seleção
Remando mares misteriosos, oceanos frios
Sentindo calafrio, do vento que sopra
Das folhas desbota

Paixão de jovem, de anciã
História de amor, que a manhã ouviu
Que o vento contou, e o tempo passou
Paixão eterna, romance que ousou


Café Quentinho




Que tal um café quentinho
Nesta noite de inverno
Pode ser puro, expresso, com leite
Mais docinho ou amargo, tanto faz
Desde que esteja bem quentinho

O mais gostoso do café quentinho
É a chance de, mesmo por instantes ficar do seu lado
Desse modo fantasiar em meu ser o prazer
Prazer de estar bem perto de você

Eu poderia desejar muitas coisas
Mas se a mim reservar quinze minutinhos
Para nos sentarmos e nos olharmos
Junto a nós o cafezinho quentinho

Desse modo vou aqui viajando
No prazer, no amor, no viver
E quem sabe um dia tomar esse mesmo cafezinho pela manhã
Após passar ao seu lado longas horas
De uma noite inesquecível

O que é um amigo?


O que é um amigo?
Um amigo não tem cor, não tem idade
Ele não precisa ter religião, nem profissão
Não é rico e nem pobre
Partidário, apartidário, forte ou fraco
Amigo é assim mesmo
É a pessoa mais bela deste mundo
Mora no peito, do lado esquerdo
Pode ser nosso vizinho
Nosso colega do futebol, da escola
Nossa mãe, nosso pai
O irmão do meio, a irmãzinha mais nova
A esposa, o marido, a namorada
Amigo pode não ser necessariamente uma pessoa
Pode ser um cão, sempre fiel
Que te recebe no portão e te leva até o ponto de ônibus
Adora você, independente de sua beleza ou feiura
Amigo ama de forma ágape
Quer-te para sempre
E nunca vai te deixar





sábado, 24 de dezembro de 2011

Seu Beijo


Seu beijo, como falar do seu beijo?
Como definir tal iguaria?
Tem como interpretá-lo?

Seu beijo é como um bom vinho do porto
Posso dizer, que é como uma bela sobremesa
Doce, perfeita, bem decorada

Seu beijo eu aprecio, eu saboreio
Eu o sinto suavemente, a cada instante
Quinze horas se parecem com quinze minutos
Pois não vejo o tempo passar

Quero beijá-la todos os dias
Todas as manhãs sentir esse gostinho
Nas tardes receber-te, beijar-te
E nas noites ter-te comigo e beijar-te até o amanhecer

Minha Pequena


Eu te quero tanto
Eu te admiro tanto
Eu te desejo tanto

Te olho nos olhos
Te toco a pele
Te beijo os lábios
Te abraço apertado

Amo seu equilíbrio sua alegria
Amo sua beleza, sua simpatia
Amo seu carinho, sua timidez
Amo suas atitudes, sua altivez

Minha pequena, minha amada
Minha querida, minha imaculada
Minha perfeita flor, cheia de perfume
Minha mulher amada, sem medo, sem ciume

Doce jeito de ser é o teu
Doce modo de falar, desejo meu
Doce mania de olhar no rosto meu
Doce pessoa especial, amor meu

Pequena és tu, gigante do amor
Pequena forma de expressar minha dor
Pequena flor de perfume expressivo
Pequena mulher minha, eu te preciso

Eternamente em meu coração irás morar
Eternamente no meu pensamento irá estar
Eternamente na minha roupa, seu perfume exalar
Eternamente em meu coração uma ferida existirá

A Perseguição


Por volta das nove horas da noite, de uma primavera quente resolvi esticar do meu trabalho até o Shopping Plaza e lá assistir a um filme no cinema 3D.
Era um daqueles dias em que a gente precisa de um tempo para si mesma. Ao chegar no cinema me sentei nas primeiras fileiras, mas não pude deixar de notar a presença de um rapaz moreno e alto sentado atrás de mim. Sua elegância acabou chamando minha atenção e só consegui me concentrar no filme porque, como eu mesma disse, ele estava atrás de mim.
No final da sessão levante-me apressadamente para ir embora, pois já passava das dez e o bairro que moro é meio inseguro.
ao cruzar a avenida Monte Carlo notei alguém atrás de mim, numa distância mínima. Para minha surpresa era o mesmo rapaz que me chamara a atenção. Fui discreta.
Ao entrar no metrô percebi ainda a sua presença. Ele me olhava discretamente e claro, não vou negar que estava gostando.
Quando cheguei na na estação e desci, pelas ruas do bairro percebi que ele ainda estava atrás de mim. Nessa hora, a satisfação virou medo e preocupação.
Apressei meus passos e ele também. Num ato desesperado corri feito louca e ele me acompanhou e de repente ouvi uma voz que dizia, me espere, não corra. Isso foi combustível para aumentar meu ritmo de forma anormal.
Em certo ponto me cansei e quando olhei ao meu lado ele estava lá parado. Eu fiquei encurralada. Tomada pelo desespero arregalei meus olhos para ele, assustada, e implorando ia lhe dizer para não me fazer mal algum.
Nesse momento o ouvi pedir-me calma e mostrou algo que carregava em seu bolso. Nessa hora minhas forças se esvaíram. Ao abrir suas mãos ele me mostrou meu telefone celular. Eu o havia deixado cair no cinema e ele, muito gentil o guardou e tentou me alcançar para entregar.

Eu ti Gosto


Eu ti gosto
Ti gosto como doce gosta de açucar
Igualzinho beijo e boca
Gosto de ti igual criança e bola de sabão
Como menino bebê e mamadeira

Ti gosto como lua em céu escuro
Igualzinho caroço e melancia
Gosto de ti igual bolo de aipim
Como menina moça e maquiagem

Ti gosto como pão de batata e catupiry
Igualzinho pão quente e cafézinho
Gosto de ti igual mingau e milho
Como rapaz crescido e futebol de domingo

Ti gosto de maneira simples
Igualzinho criança escrevendo poema
Gosto de ti da mesma maneira que erro meu português
Como um cara muito apaixonado e sua bela em seus braços

A Moça


"Está muito frio e já passa das 23 horas, de uma sexta-feira do mês de agosto". O silêncio é tão devastador que chego a me sentir um único sobrevivente de uma guerra.
Cortando essa calmaria ouço o ruído do último bonde levando alguns poucos com destino ao bairro de Santana. Acredito que a passada do mesmo tenha chamando a minha atenção.
Digo isso, pois não percebi que atrás de mim se aproximara uma bela dama, muito elegante com uma sacola nas mãos e um olhar assustado. Obriguei-me a aproximar e oferecer-lhe ajuda. Ao vê-la com mangas à mostra passei-lhe o meu casaco, embora tenha oferecido de forma gestual certa resistência.
De seus lábios, tomados pelo intenso frio de São Paulo não saiam palavras, mas seu olhar insistentemente me dizia muitas coisas.
Me aproximei mais, e tentando transmitir-lhe maior segurança falei sobre mim, que estava indo para casa após um longo dia de trabalho. Mesmo assim nada ouvi de sua boca.
Quando aproximou-se o meu ônibus, disse-lhe que o pegaria. Silenciosamente e para minha surpresa ela também subiu, parecendo querer me acompanhar.
Após longos rodeios chegamos próximos à minha casa. Desci e ela novamente me acompanhou.
Fiquei sem saber o que fazer, afinal seria deselegante de minha parte convidá-la para entrar, e ao mesmo tempo não poderia deixá-la naquele frio todo.
Numa última tentativa lhe perguntei se poderia ajudá-la em mais alguma coisa. Para minha surpresa ela disse: "sim, eu quero apenas um copo com água. Moro aqui perto". Ao sair novamente no portão notei que ela não estava mais lá. Apenas meu casaco e uma pequena sacola junto a ele.
Incrivelmente a moça tinha desaparecido. Minha rua era longa e plana e estava totalmente vazia.
Após uns minutos entrei com o casaco e a sacola. Não pude resistir. Acabei abrindo-a para ver o que tinha dentro. Havia um pacotinho com algumas frutas e um pedaço de papel com um endereço: "Rua Atalanta, 4". Era a minha rua e o número era da casa de uma senhora muito conhecida.
No dia seguinte fui até esta casa e chamei. Quando aquela simpática senhora apareceu eu lhe entreguei a sacola e perguntei da moça. Muito assustada ela começou a chorar. Pelas descrições que passei sobre a garota, esta era sua filha. Há trinta anos ela tinha saído de casa para ir  à feira. Como ela era meio desligada, sua mãe repetiu várias vezes para que ela não se esquecesse de trazer e encomenda e ela, muito chateada disse que de qualquer maneira entregaria as frutas.
Antes de chegar à feira, um rapaz de bicicleta a atropelou e ela morreu após bater com a cabeça em uma pedra.
Depois disso pensei que iria enlouquecer. Saí em disparada, assustado e entrei em casa. Ouvi palmas, e como se não bastasse, a tal moça estava lá no portão me chamando. Obviamente fiquei muito mais assutado e, olhando pelo buraco da fechadura não a atendi. Quando me virei ali estava ela, dentro de casa, me olhando. Achei que ia morrer ali mesmo. Docemente ela me disse: "oi, estou aqui para te agradecer, por ter me acompanhado até aqui e principalmente por ter entregue a sacola à minha mãe". Depois ela desapareceu.
Isso me aconteceu há muito tempo e até hoje não me esqueço. Até ao túmulo da tal moça já fui levar flores, mas ela nunca mais me apareceu.

Quatro Mulheres


Quem diria que a sorte está em números? Muitos desejam ter um grande amor pra toda vida. No meu caso tive quatro amores, quatro mulheres e acredite, nem assim foram por toda vida.
A primeira delas foi Célia. Muito bonita, branca, cabelos compridos e lisos, cor de mel. Eu tinha só dezoito e ela dezesseis e nos casamos assim mesmo. Mas ela acabou ficando muito doente e morreu seis meses depois.
A segunda foi Maria. Maria era uma morena cor de jambo. Eu adorava aquela morena. Nos conhecemos no trem e daí três meses ficamos noivos. Depois eu descobri que a Maria estava comigo pra tentar esquecer um amor de infância. Daí não deu outra. O tal amor reapareceu e ela foi-se de uma vez, deixando a aliança de noivado na mesa.
A terceira foi Tereza. Tereza era cabeleireira e nos conhecemos após uns quinze cortes de cabelo. Namoramos um ano e começamos a falar de casamento. Só que a Tereza ganhou uma bolsa de estudos e se mudou pro sul. A notícia que recebi foi que acabou casando-se com o professor.
A quarta foi Claudia. Esta sim era a mulher da minha vida. Morena, cabelos encaracolados, olhos claros. Claudia era professora do primário e louca por mim de verdade. Nos casamos no verão do mesmo ano que nos conhecemos. Só que a Claudia viajou pra Minas Gerais comigo na lua de mel, e lá inventou de andar a cavalo. Acabou ficando por lá mesmo e gastei nossos cruzeiros com uma bela lápide.
A quinta é o dia da semana que mais me lembra minhas quatro mulheres.

Vila Triste


Ó bela vila encravada na Serra
Vila história e muito bela
De casinhas vermelhas de madeira
Pedaços de história, romance e riqueza

Vila dos trilhos, das matas, das pessoas
Vila dos operários, dos solteiros e das moças
Igrejinha velha ao topo, ladeira íngreme, requer esforço


Maria fumacenta desperta-me de madrugada
Das paredes de tabeira e o brilhar da alvorada
Céu cinzento, chuva constante
Na solidão aqui fico, equilíbrio distante

Sol tímido e escondido a contemplar a beleza
Do Véu de Noiva que a vila alardeia
Aqui o meu amor trazei, vamos nos amar a noite inteira

Minha história aqui escrevi, meu destino aqui tracei
Me fiz homem, cresci, trabalhei, me casei
Tive ao todo dezenove, de filhos apenas três
De netos dezesseis

Paixão de homem, a maior de todas
Minha amada carreguei nos braços por estas ruelas singelas
Primeiro, no casamento, descendo a escadaria da igreja

Hoje subindo mas pela igrejinha apenas passando de banda
Conduzindo, em meio à solidão para a ela conceder
Aquilo que há muito desejou, por mais estranho que possa parecer
O alívio de uma dor, um sofrimento que estranhamente debandou seu ser